domingo, 12 de agosto de 2012

Dias de chuva

Ainda me lembro de um caderno que eu guardei por muitos anos, nele vários poemas escritos durante minha infância, eu falava sobre o amor, sobre a felicidade de ter alguém ao lado nas horas boas e ruins, eu falava e sentia algo tão grande que não cabia em mim e foi assim que comecei à escrever. Hoje eu li as cartas que guardo desde os meus sete anos, as que eu recebi o rascunho das que eu mandei e até mesmo as que eu não tive coragem de enviar, as que eu recebi de volta ainda fechadas... Hoje eu li minhas conversas gravadas no e-mail, gravadas em fitas, gravadas em vídeo. Hoje eu me lembrei de muita coisa que eu disse. Hoje eu me decepcionei comigo mesmo ao perceber que eu sempre discursei pelo amor, em favor daqueles que o sentiam, aconselhei aos indecisos a não abandoná-lo, reanimei o sentimento nos desiludidos, revigorei os desanimados e perdi o meu sentimento... Sempre fui forte e nunca pensei em desistir, procuro no dia-a-dia as pessoas que ainda nos dão esperança de que nem tudo se foi, as pessoas que nos mostram que nem sempre é em vão, as pessoas por quem sempre me apaixono platonicamente todos os dias como sempre foi desde que me lembro. Hoje eu perdi meu chão ao abrir os olhos, hoje perdi meu rumo e parei de sentir a brisa em meu rosto, hoje não senti o vento em meus cabelos e percebi que há muito estou parado, apenas vendo a vida passar. Hoje senti saudades, senti um vazio, senti uma solidão e isso me deu muito medo de não voltar. Hoje eu me deparei com o meu maior medo, hoje eu tive que encarar meus fantasmas, hoje eu tive que recomeçar, hoje eu tive que pensar se já posso começar à me arrepender de alguma coisa. Quer saber? Se eu me arrepender terá sido tudo em vão, se eu voltar e recomeçar sempre terei a dúvida de como teria sido, acho melhor então pegar um desvio, seguir a estrada segura e me manter nela até a chuva passar, mas ainda tenho a certeza que nos dias de sol eu volto à esse desvio. "Tenho juízo, mas não faço tudo certo, afinal todo paraíso precisa de um pouco de inferno!” (MARTHA MEDEIROS).

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